quarta-feira, 5 de maio de 2010

I have a tale to tell...

Quando eu era pequenina, eu tinha uma borboleta. Não em uma gaiola, nem morta num insetário. Eu passei parte da minha infância em uma chácara maravilhosa, que tinha um riozinho no fundo, onde fazíamos aventuras inspiradas no Indiana Jones. O rio era muito extenso e passava por todas as chácaras e nosso sonho era chegar até a nascente. Tinha até umas lendas tipo "fulano chegou na nascente e encontrou uma cachoeira gigante", mas ninguém nunca conseguiu passar de uma parte que chamávamos de "areia movediça", onde, de fato, perdi três chinelos. A gente decidia voltar nessa etapa porque o negócio realmente começava a afundar, e era tão preto, tão nojento, que a gente voltava pra casa.

Apesar do objetivo ser a nascente, o caminho era incrível, e tinha até um lugar chamado de "Cidade das Borboletas". A gente saía da margem do rio, subia na "chácara do padre" e contemplava centenas de borboletas em um só lugar. Tudo com muito cuidado, afinal se alguma delas derrubasse "posinho" no nosso olho ficaríamos cegos... mesmo assim era uma coisa fascinante, parecia filme.

Mas o post não é sobre o rio, e sim a minha borboleta, a Bianca. É uma borboleta azul, grande, linda, que se destacava naquele verde. Ela só aparecia quando eu estava sozinha e chegou a pousar em mim várias vezes. Às vezes eu ia até o rio só pra encontrá-la e, sim, ela aparecia. Não sei o que isso significa mas tenho certeza de que era algo muito especial, até porque nunca vi alguém dar nome pra uma borboleta, e não acredito que era coincidência ela vir ao meu encontro quando eu a chamava. É algo que está tão distante da minha realidade hoje, mas que me marcou. Mesmo estando sempre cercada de amigos e da minha irmã, aquele era o momento em que eu ficava sozinha e podia pensar sobre o mundo, sobre a natureza, as formas, se um dia eu conseguiria voar, se eu era mágica, etc. Eu era uma criança normal, aparentemente, não sei se todas pensam assim aos seis, sete, oito anos de idade.

Hoje entendo que uma borboleta só vive por alguns meses, mas então os descendentes da Bianca continuaram sua missão comigo! "A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11). Eu me sentia mágica e conectada com o mundo e, até hoje, quando vejo uma borboleta azul eu digo em voz alta: "Bianca". E volto à infância outra vez.

Delta

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